O príncipe Charles, herdeiro do trono britânico, comparou o presidente russo, Vladimir Putin, ao líder nazista alemão Adolf Hitler por causa de sua atitude em relação à Ucrânia, segundo um jornal britânico.
Durante uma turnê real ao Canadá, o príncipe de 65 anos disse a uma mulher judia que fugiu da Polônia durante a Segunda Guerra Mundial que "Putin está fazendo quase o mesmo que Hitler", noticiou o jornal Daily Mail nesta quarta-feira (21).
O comentário de Charles, descrito por uma fonte da família real britânica como "bem-intencionado" e sem o propósito de se tornar público, teve ampla repercussão na mídia da Grã-Bretanha, país que tem criticado fortemente o apoio público dado por Moscou aos rebeldes pró-Rússia no leste da Ucrânia.
De acordo com o Daily Mail, o príncipe Charles fez o comentário durante uma conversa com Mariane Ferguson, de 78 anos, que perdeu parentes no Holocausto, enquanto os dois conversavam em um museu de Halifax, no Estado canadense de Nova Escócia, onde ela trabalha como voluntária.
"Eu terminei de mostrar a exposição a ele e conversamos sobre meus antepassados e como eu vim para o Canadá", disse ela ao jornal.
Sincero
"O príncipe então disse 'E agora Putin está fazendo quase o mesmo que Hitler.' Eu fiquei surpresa que ele tenha feito esse comentário, pois sei que eles (família real britânica) não deveriam dizer coisas desse tipo, mas foi algo muito sincero e honesto."
Uma porta-voz do gabinete de Charles disse que não comentavam sobre conversas privadas.
"Gostaríamos de ressaltar que o príncipe de Gales não faria um comunicado político público durante uma conversa privada", disse ela.
Tradicionalmente a família real britânica não externa opiniões políticas em público, já que a posição da realeza na chefia do Estado é uma mera formalidade constitucional. Durante seu longo reinado, a rainha Elizabeth nunca expressou opiniões pessoais do tipo.
As afirmações de Charles não foram bem aceitas pelos políticos da Grã-Bretanha. O deputado trabalhista Mike Gapes pediu que o príncipe abdicasse da coroa enquanto Nigel Farage, outro líder local, disse que o monarca não deveria se envolver nesse assunto.
Dmitry Peskov, porta-voz do presidente Putin se recusou a discutir o assunto quando abordado por jornalistas. Entretanto, um jornal popular da Rússia noticiou que as declarações de Charles provocaram um escândalo internacional.
O jornal afirmou que as palavras do príncipe Charles complicam ainda mais as “nebulosas” relações entre o Reino Unido e a Rússia.
Mas os ativistas ucranianos contrários à Rússia elogiaram as afirmações de Charles. Em redes sociais, eles divulgaram a informação com frases como “O bom e velho Charles”, de acordo com o jornal britânico The Guardian.
Gapes publicou em uma rede social que se o príncipe quiser fazer declarações polêmicas sobre questões nacionais e internacionais, deveria abdicar e concorrer nas eleições. “Em alguns momentos, o que ele pode fazer de melhor é ser príncipe, e não se envolver em questões como essa”.
O ex-embaixador da Grã-Bretanha na Rússia, Tony Brenton, disse que Charles usou de “exagero grotesco” comparando as ações da Rússia na Crimeia com o nazismo. Porém, completou que Charles poderia intervir na situação de forma que a Rússia reconsiderasse sua política na Ucrânia.
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